Selic a 10,75 deve aumentar juros no mercado de crédito e encarecer o consumo; entenda

O novo reajuste na nossa taxa básica de juros – Selic a 10,75 deve aumentar juros no mercado de crédito, na quarta-feira do dia 18 de setembro de 2024, onde foi determinado pelo Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil.

Isso deve trazer alguns impactos tanto para o mercado de crédito quanto para a nossa economia.

Com o aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.) da Selic saindo de 10,50% a.a para 10,75%, alguns especialistas acreditam que isso pode tanto encarecer o custo de empréstimos para os consumidores, como ter também diversos reflexos na economia ao longo dos próximos meses.

O mercado já esperava o aumento da taxa básica e a expectativa é que novas altas da Selic ainda devem vir.

A economia brasileira segundo dados do IBGE cresceu 1,4 % no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior e mesmo com uma economia crescendo, a falta de soluções para as contas públicas e a dificuldade em atrair investimentos para o país, ajudaram assim a impulsionar as expectativas de inflação para cima e pressionaram o Banco Central a tomar alguma atitude em relação aos juros.

                                                                                                              Imagem: Banco Central

A nova alta de juros pode impactar a economia?

A taxa Selic, como vimos anteriormente é a nossa taxa básica de juros e a principal ferramenta utilizada pelo Banco Central para controle da inflação, além disso, a Selic é uma taxa que serve como referência e que ajuda a determinar os demais juros do país.

Quando os juros de um país estão altos, as empresas e os cidadãos tem o seu custo de dívida elevados também.

Uma situação de juros altos, acaba deixando os investimentos caros por parte das companhias e reduzindo o consumo das famílias. É um controle dos preços por meio da desaceleração da economia.

No mercado financeiro, uma taxa Selic mais alta significa aumento da rentabilidade dos investimentos em renda fixa.

Trazendo uma maior atratividade para investimentos de renda fixa como: Tesouro Pós-Fixado, Tesouro Selic, Tesouro Ipca, CDBs, LCIs entre outras.

Na renda variável,  diferente do que pudemos observar na renda fixa, uma alta da Selic tende a afetar de maneira negativa o mercado de ações.

Isso ocorre por varios motivos que afentam tanto o valor das empresas quanto o comportamento dos investidores.

Os títulos de renda fixa, especialmente os pós fixados, tornam-se mais interessantes, principalmente por oferecem bons retornos com um risco mais baixo.

Os investidores tendem a destinar parte do seu capital para esses ativos que oferecem uma maior segurança, diminuindo o anseio por investimentos de maior risco, como é o caso das ações.

Esse movimento está relacionado ao aumento do custo de oportunidade, já que o potencial de ganhos nas ações passa a não compensar o risco quando comparado às opções disponiveis na renda fixa que são mais conservadoras.

Como esse aumento chega aos consumidores?

Segundo especialistas o impacto principal para os consumidores deve ser no encarecimento do crédito, com uma Selic maior, os bancos vão emprestar dinheiro à taxas mais altas.

Dessa forma, as familias passam a ter um menor poder de compra em seu cotidiano.

Esse aumento pode ser sentido em compras no cartão de crédito, financiamentos, na compra de imóveis novos e de bens duráveis.

Os especialistas também sinalizam um possível aumento na inadimplência, isso porque com o encarecimento do crédito, a partir da elevação da Selic, acontece em um cenário de juros já altos e de um endividamento já elevado no país.

Segundo dados do Banco Central, o endividamento total das famílias ficou em 47,9% em julho de 2024, levando assim a números alarmantes.

Nós temos duas situações com a nova alta da Selic, de um lado:

  • Acaba contribuindo para deter o mercado de crédito, em momento de juros altos e ajudando a controlar o consumo e a inflação, impedindo que famílias peguem crédito.
  • Os consumidores que se encontram endividados, podem ter mais dificuldade em honrar seus compromissos, tendo em vista que os juros estarão mais caros.

Podendo acarretar em mais pessoas inadimplentes do que se tinha alguns meses atrás.

Quais efeitos a alta de juros deve ter na economia brasileira?

Alguns setores específicos podem ser afetados como o comercio, podendo refletir no mercado de trabalho e na renda das famílias com a desaceleração da economia e com o aumento de juros.

Em um cenário onde tem-se um menor crescimento com juros elevados, é natural que as empresas diminuam suas produções, freando ainda mais a economia.

Por que você iria produzir mais se o consumo vai cair e os juros estão mais altos?

Se você está produzindo menos, a tendência é que os turnos de produção caiam, o que pode gerar em uma diminuição da renda do trabalhador.

O Banco Central usa de ferramentas como controlar o consumo e o arrefecimento das atividades para controlar os preços.

O tamanho dessa desaceleração da economia vai depender de alguns fatores como:

  • O quadro fiscal brasileiro;
  • Expectativa de inflação futura;
  • Andamento da economia global.

Em se tratando da economia global, o Federal Reserve (Fed, uma espécie de banco central dos EUA) decidiu cortar as taxas de juros em 0,50 ponto percentual(p.p).

Esse corte nas taxas americanas deve mexer com o fluxo de dinheiro em todo o mundo.

E isso pode, inclusive, beneficiar um maior fluxo de capital para o Brasil, melhorando o mercado de ações e também a cotação do dólar.

 Já que parte da inflação brasileira é dolarizada, por conta dos produtos importados e diversos insumos que são consumidos no país.

Com um dólar mais barato, a pressão dos preços desses itens cai e tende a reduzir a inflação.

No limite, isso poderia fazer o Banco Central brasileiro subir menos (ou voltar a cortar mais cedo) a taxa de juros que agora aumentou.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima